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12 de março de 2010

A História não contada de "Captain EO"

Por Wade Sampson
Tradução de Gleison Fernandes


Wade Sampson creceu em Los Angeles e desde os seus cinco anos de idade visita os Parques da Disney com freqüência. Foi membro do "Clube do Mickey Mouse" e "The Nation Fantasy Fan Club". Assitiu a todas as convenções locais e teve a oportunidade de falar com muita gente que trabalhou com Walt Disney.

Wade descreve sua casa como "uma loja de brinquedos e uma livraria que explodiram e desde então vive nos restos". Por mais de duas décadas foi escritor independente e professor. Por um tempo foi comerciante de arte de animação. Suas colunas se baseiam no intercâmbio das histórias da Disney que não tenham sido publicadas.



Com a trágica passagem de Michael Jackson em junho de 2009, houve uma inundação de especiais que mostram detalhes da vida e realizações deste artista inovador. No entanto, nenhum deles tinha uma parte dedicada ao filme Captain EO, um projeto da Disney no alto perfil que alguns queriam saber mais detalhes.

Mesmo na autobiografia, Moonwalk, publicado apenas dois anos após o lançamento de Captain EO, existem apenas três parágrafos relacionados: um parágrafo dedicado ao afeto de Jackson com Walt Disney, outro que descreve brevemente o enredo do filme e, por último, uma referência ao fato de que Jackson voou até o Rancho Skywalker com George Lucas para falar sobre o projeto. Isso é tudo.

O afeto de Jackson (alguns podem até dizer obsessão) com a Disney era algo bem conhecido. Por várias vezes visitava os parques temáticos da Disney (às vezes disfarçado). A entrada do rancho Neverland foi inspirado na entrada da Disneyland. Michael e tinha uma grande coleção de lembranças (alguns artigos exclusivos criados por artistas da Disney).

"Jackson era um grande admirador dos nossos parques, às vezes visitava várias vezes por mês, com ou sem disfarces", disse Michael Eisner (Diretor executivo da The Walt Disney Company 1984-2005). "Ele sabe mais do que ninguém tudo relacionado com Walt Disney. Sem dúvida, ele sabe mais do que eu".

O irmão mais velho Michael, Jackie disse uma vez: "Michael sempre estudou Walt Disney. Amava Walt Disney. Ele lia livros sobre ele todos os dias durante as turnês. Adorava esse homem".

Com o anúncio de que Captain EO seria exibido novamente nos parques da Disneyland em fevereiro (sessões teste foram realizados com os executivos da Disney e a família Jackson, dentre eles os três filhos de Jackson que nunca haviam visto o filme), me pareceu um bom momento para escrever uma pequena história sobre Captain EO, na esperança de ajudar os outros a preencher alguns vazios na impressionante carreira de Jackson.

Um mês depois de Eisner ser nomeado Presidente da Disney em 1984, o cineasta George Lucas fez um passeio pelas instalações da Disney Imaginering em Glendale e o incentivou a criar algumas novas atrações para o parque temático. Lucas tinha um bom relacionamento com Eisner desde que Eisner estava na Paramount e prestou apoio aos Raiders of the Lost Ark. O cineasta se predispôs a desenvolver um simulador especial baseado em sua popular franquia de Star Wars.

Pouco depois, Jeffrey Katzenberg, que acabara de ser nomeado presidente dos estúdios Disney, levou Michael Jackson às instalações do Imaginering e abriu negociações com a estrela pop para que sua figura virasse uma atração da Disney.

Em 1984, Jackson estava desenvolvendo projetos de cinema. David Geffen (produtor de música e cinema) havia sugerido que se Jackson quisesse realmente protagonizar um filme, teria de ser um filme da Disney. Geffen chamou seu amigo de longa data, Katzenberg e lhe apresentou a idéia. Eisner e Katzenberg queriam criar uma aventura em 3D para a Disney, tentariam duplicar o sucesso sem precedentes do vídeo Thriller.

"Nós queríamos criar algo com Michael Jackson, que chegasse a adolescentes, crianças e até mesmo seus pais", disse Eisner.

Jackson gostou da idéia, mas para se sentir seguro, insistiu para que George Lucas ou Steven Spielberg fizessem parte do projeto. Rick Rothschild desenvolveu três histórias diferentes. Tanto ele quanto Jackson escolheram o mesmo projeto: Captain EO.

O nome EO vem da deusa grega do amanhecer: Eos. Seus dedos rosados abriram as portas do céu para deixar entrar os raios da luz do sol. Rothschild tornou-se o homem que começou a dar forma e direção a essa aventura.

Spielberg não estava disponível porque ele estava trabalhando no filme The Color Purple. Além disso, Lucas já estava trabalhando em estreita colaboração com a Disney Company no projeto de Star Tours.

Lucas trouxe Francis Ford Coppola, Rusty Lemorande, e Angelica Huston para o filme. Coppola, um velho amigo de Lucas, precisava reparar sua reputação depois do recente fracasso de bilheteria do filme The Cotton Club, onde foi o diretor.

Lemorande, tinha produzido e roteirizado uma comédia de ficção científica: Electric Dreams, foi escolhido para preparar o roteiro de 'Captain EO'. Ele havia produzido recentemente Yentl. Sem ter credencial, trabalhou como diretor da segunda unidade e editoção. Lucas foi nomeado produtor executivo.

Huston, que ganharia o Oscar por sua atuação em Prizzi's Honor em 1985, interpretaria uma versão alienígena da malvada Rainha do clássico Branca de Neve, suspensa no ar por fios, como uma aranha (e supostamente inspirou o personagem de Borg Queen em Star Trek First Contact).

Nos anos posteriores, Lemorande disse que um dos fatores que fez o projeto de Captain EO fosse problemático era o fato de "estranhos" manejarem sua criação para Imaginers da Disney. As altas taxas cobradas por cada hora de Imaginering fizeram que Katzenberg terceirizasse alguns dos trabalhos na atração do parque.

O Vencedor do prêmio Tony, John Napier, que tinha acabado de ser reconhecido por seu trabalho no musical Cats, construiu um teatro em miniatura para testar os efeitos interativos que o filme iria conter. Isso deixou Eisner muito impressionado.

Napier trabalhou no figurino que representava a natureza maligna do planeta escuro, com metal retorcido e saídas de vapor. também foi responsável pela preparação necessária dos bailarinos para que dançassem no estilo de Jackson.
"O que estou fazendo com o vestuário é para que as pessoas movam-se com estas coisas, e não se soltem'', disse Napier. "Eu inseri inúmeros detalhes que devem funcionar bem em 3-D".

A maior parte do projeto foi supervisionado por Katzenberg, mas ocasionalmente Eisner se aproximou para ver o progresso porque sentia que este era o projeto que serviria para demonstrar que ele era capaz de revitalizar a Disneyl.

Jeff Hornaday fez a coreografia de Flashdance (1983) e, recentemente havia trabalhado com Paul McCartney e Jackson em "Say, Say, Say" o que parecia natural sua adição como um coreógrafo.

"Queríamos que a dança fosse um elemento de narração da história, em relação direta com os personagens", disse Hornaday, que supervisionou os 36 bailarinos. "Trabalhar com Michael para mim foi uma experiência única. Geralmente, um coreógrafo elabora seqüências de dança produzido em seguida, passa para os bailarinos. O talento de Michael e seu enfoque são tão únicos que me limitavam se fizesse somente isso."



Rick Baker, que fez a maquiagem para o vídeo de Thriller, foi contratado para supervisionar as caracterizações deste projeto. Tom Burman (que trabalhou no Star Wars Holiday Special) fez o desenho da maquiagem para o personagem de Huston. Ela chegava a passar três horas para que sua maquiagem fosse minusciosamente cuidada.



Lance Anderson, que foi o criador das criaturas do filme Ghostbusters, trabalhou como o co-desenhista da tripulação de Hooter, o Geex, o Maior e Menor Domo. Baker foi responsável por Fuzzball.

James Horner, que recentemente trabalhou na trilha sonora de Something Wicked This Way Comes (que mais tarde seria responsável pela música do Titanic) também trabalhou na trilha sonora do filme. Jackson escreveu duas canções: We Are Here To Change The World e Another Part Of Me.



A pré-produção do projeto começou em março de 1985. Foram três semanas de filmagem. A mesma grande tela azul que foi usado no filme de ficção científica da Disney, "Black Hole", foi usado para filmar a cena em que Michael Jackson vem dançar sobre a cabeça do público.

Não é à toa que esta produção, com todo este grande talento, rapidamente ultrapassou o orçamento. Embora a Disney nunca reconheceu o custo real, foi relatado que os 17 minutos de filme acabou custando entre US $ 17 a 30 milhões, que por sua vez deixou-a como o filme mais caro já feito POR MINUTO. O orçamento inicial era de US $ 11 milhões.

"O filme passou o orçamento previsto. O fator mais importante foi o de efeitos especiais, uns 150 deles foram utilizados mais por minuto de que Lucas havia usado em Star Wars", disse Eisner.



A imagem mostra a câmera de 65 milímetros em 3D no final do braço do guindaste. Na escada é Angelica Huston, Francis está por trás da câmera a direita, e Steve Slocombs está sentado e foi responsável pelo funcionamento do sistema de câmera, em seguida, na pós-produção foi o diretor de fotografia da seqüência de transformação do robô.






Steve Slocombs novamente

Aqui você pode ver a 'plataforma de câmera emprestada', usada para filmar algumas cenas separadamente, enquanto que a 'plataforma principal' estava fora fazendo outras tomadas.

O filme conta a história do Capitão EO, o líder da tripulação de uma nave espacial, incluindo um elefante verde anão desajeitado chamado Hooter, uma pequena criatura laranja voadora com uma longa cauda chamado Fuzzball, dois seres unidos conhecidos como Geex (Idy Ody e às vezes também escrito Idee e Odee) que representavam o navegante e o piloto, e um robô de segurança oficial chamado Major Domo que tinha um robô menor, Minor Domo, colado como um módulo no banco de trás.



Comandante Bog (uma cabeça holográfica realizada pelo talentoso comediante Dick Shawn, nunca esteve presente no set), irritado com a má gestão deste grupo de desajustados deu uma última missão para se redimirem: tiveram de ir a um mundo sombrio e sinistro para dar um presente ao líder supremo (Anjelica Huston), ao chegar são capturados por seu exército, e ameaçados de tortura por causa de sua visita não autorizada.

Captain EO diz a rainha que ela é bonita, mas sem a chave para deixar sair essa beleza. Sua equipe se transforma em uma banda musical, mas antes que eles possam compartilhar sua canção mágica, Hooter acidentalmente tropeça na equipe e atrapalhando o inicio da música, o que enfurece a rainha que ordena seus guardas capturarem EO e sua tripulação. Começa uma batalha pouco antes de Hooter reparasse seus equipamentos, em seguida, com sua canção EO transforma os escuros habitantes mecânicos locais em bailarinos ágeis e coloridos.

EO consegue derrotar os guerreiros da rainha e a transforma em uma mulher bonita, assim como ele transforma seu palácio em um templo grego de paz. O planeta se transforma em um paraíso verde, que lembra o trabalho do artista Maxfield Parrish (que mais tarde serviria como inspiração para o vídeo de You Are Not Alone). EO e sua equipe deixam o planeta, enquanto os habitantes se despendem com gratidão.





A edição final, que supostamente foi escondida por um tempo de Eisner, não foi tão impressionante quanto o esperado. Jackson não tinha uma presença imponente como o personagem principal, o papel de Huston havia sido cortado severamente e as tentativa de humor e urgência pareciam forçados. Mesmo com os efeitos 3D parecia insignificante em comparação com a atração da Kodak: Magic Journey, apresentado anteriormente no teatro.

Na época, Coppola já estava envolvido com um novo filme, Peggy Sue Got Married que estrearia um mês depois de Captain EO e Lucas estava correndo com Howard, The Duck, que estrearia um mês antes que EO e o projeto Stars Tours que estava atrasado.

Segundo informações, Lemorande e Jackson criaram cenas novas e uma nova edição do filme (inclusive utilizando uma válvula de banheiro - chave de bola - pintada com spray como um substituto para a cabeça do boneco Minor Domo que não puderam encontrar). Se bem o planejado era que Imaginering trabalhasse sobre efeitos especiais do filme (o talentoso Harrison Ellenshaw aparece nos créditos), Lucas lhe deu o filme "Industrial Light and Magic" para finalizá-lo. A suposta razão do atraso do trabalho à Disney foi o notorio perfeccionismo de Lucas.

No entanto, ele poderia ter sido o pior filme já feito que não teria feito qualquer diferença, porque ele foi feito durante o auge da "Jackson Mania" e a chance de ver Jackson cantando e dançando era um sucesso garantido.

Captain EO se estreiou no Epcot, em 12 de setembro de 1986, mas a grande inauguração estava prevista para a abertura da Disneyland, em 18 de Setembro de 1986. O filme mais tarde seria lançado na Disneyland de Tokio em 1987 e Disneyland de Paris em 1992.





Apesar de ter sido construído especialmente para o Captain EO, o Magic Eye Theater, que tem capacidade para cerca de 700 pessoas, foi inaugurado em maio de 1986 com o surpreendente Magic Journeys, enquanto aguardava a estréia de EO. Efeitos especiais ao vivo foram adicionados à apresentação do filme, incluindo lasers, estrelas de fibra óptica e efeitos de neblina, que foram cuidadosamente sincronizado com a ação na tela.



Frank Wells (Chefe de Operações da Disney de 1984 a 1994), renegociou o contrato com a Kodak, de modo que aceitou assumir parte dos custos da produção cinematográfica, construindo e renovando o teatro 3D de Epcot, a fim de acomodar esses novos efeitos especiais.

Na semana de lançamento, o 'National Enquirer' publicou a famosa foto de Jackson dentro de uma câmara hiperbárica e que ele dormia nela todas as noites por influência de oxigênio, criou-se o mito que ele queria viver até os 150 anos. Na verdade, várias biografias de Jackson dizem que o próprio Jackson deixou vazar a foto propositadamente para chamar a atenção para a estréia do filme, especialmente pelo aspecto de "ficção científica" da história.

Mais de 200 membros da mídia internacional estiveram presentes na inauguração da Disneyland e tiveram uma reunião no restaurante Tomorrowland Place Space, onde eles receberam um kit de imprensa, que incluia entre outras coisas, seis fotos e uma camisa promocional do filme (com uma legenda que dizia I Was There To Save The World: "Eu estava lá para salvar o mundo").


Conteúdo do KIT:



Rodeado por cafés e sucos, a imprensa pôde ver um trailer com o making of do filme que foi repetido constantemente. Também na Space Place puderam ter entrevistas com pessoas ligadas à produção, como o coreógrafo Jeffrey Hornaday e Tom Smith.

Smith, ex-gerente geral da Industria Light & Magic Effects, loja de Lucas, lembra-se: "As cenas de efeitos especiais foram feitas com uma câmera e dois passes", Smith também revelou que o último efeito que foi filmado foi o logotipo do filme.

O grande desfile de celebridades começou cerca de 2 horas da tarde. Uma variedade de celebridades participaram da inauguração do filme na Disneylândia, incluindo Catherine Bach, Elizabeth Montgomery, Alan Thicke, Erik Estrada, John Ritter, Lisa Hartman, Whoopi Goldberg, Charles Bronson, Sissy Spacek, Sarah Purcell, Dr. Joyce Brothers, Debra Winger, Elliott Gould, Dolph Lundgren, Apollonia Kotero e até Jack Nicholson, que estava viajando com sua então noiva, Angelica Huston, passando pela rua principal e acenando para os fãs que gritavam. Entanto, Annette Funicello parecia obter a resposta mais forte e mais entusiasta da audiência. Molly Ringwald foi uma das poucas estrelas que se recusou a ir pela rua principal, como parte do desfile. Jack Wagner, conhecido como a "Voz da Disneylândia", anunciava as celebridades que passavam, havia 125 celebridades que participaram. Incluindo a irmã de Michael, La Toya e sua mãe, que também participaram do desfile. Jack Wagner introduziu em Pine Bluff High School and Washington High School Marching Bands e Gregg Burge, parte de A Chorus Line que talvez tenha sido escolhido porque ele era um jovem afro-americano com habilidade de canto e dança similares a Jackson para disfarçar a sua ausência. Burge, que interpretou Let’s make way for tomorrow!, Seguido de uma carruagem com os personagens de Hooter, Geex e Major Domo.




No final, Michael Eisner, sorriu e se dirigiu à multidão, "Michael Jackson está aqui". A platéia ficou muito animado, mas Eisner continuou: "Mas ele está disfarçado, ou como uma mulher velha, um porteiro ou Animatronic". Ninguém, especialmente jornalistas, acreditou nele.



Depois de um discurso feito pelo vice Presidente da Kodak, Coppola, Lucas e Angelica Huston se reuniram em frente de uma fita vermelha na entrada do teatro. Perto estava o sobrinho de Coppola, Nicolas Cage e da nova estrela Janet Jackson.

Cada um, leu:

Huston: "Para aqueles que ainda acreditam no mundo mágico da fantasia e da imaginação ..."
Lucas: "Para aqueles que ainda são movidos pelas maravilhas da música e da dança ..."
Coppola: "Para todos aqueles que compartilham o sonho de Walt Disney e o prazer na promessa de futuro, cortamos esta fita, significando a abertura desta aventura musical 3D no espaço, Captain Eo!"

O estudioso em animação Charles Salomão, escreveu em sua análise de 'Los Angeles Times', em 9 de Outubro de 1986, ecoando os sentimentos de muitos dos presentes:
Apesar das imagens maravilhosas, Captain EO não é mais do que o mais elaborado vídeo musical na história. Um ovo de páscoa sem recheios. Mas o público pode esperar muito mais do que flashes vazios.



Captain EO foi encerrado sem alardes em abril de 1997. Em julho de 1994 no Epcot. Em setembro de 1996 em Tokyo e, em agosto de 1998 em Paris.




Michael Jackson's Captain EO [HD] - Parte 01


Michael Jackson's Captain EO [HD] - Parte 02




Quando se trata de Disney, há sempre mais na história, especialmente porque a documentação dos projetos é frequentemente muito casual ou inexistente e, muitas vezes, a papelada está enganada. Por exemplo, alguém pode aparecer oficialmente como o produtor, mas o trabalho real é feito por outra pessoa. Às vezes, quando alguém deixa a empresa Disney, sua contribuição para um projeto está minimizada ou totalmente eliminada.

Na verdade, EO é um exemplo maravilhoso de pessoas que tentam construir seus próprios impérios (às vezes, exagerando sua contribuição ou apontando o dedo para outra pessoa) e, conseqüentemente, o projeto saiu fora de controle. Quando eu mencionei que EO foi um projeto problemático, não expressei totalmente o desleixo que era e uma das razões era que ninguém parecia escutar uns aos outros e foi um projeto sem um bom plano prévio de produção.

 Eu fiquei lisonjeado quando um ex-funcionário da Imagineer que estava envolvido em EO escreveu-me depois da minha primeira coluna dizendo que muito do que dizia era bastante preciso e verdadeiro, mas havia muito mais, então comecei a pesquisar e consegui muito mais detalhes.

A empresa Disney é muito rigorosa com aqueles que trabalham nos parques de forma que não revela os números de participação ou problemas de dinheiro para pessoas de fora da instituição. Mas isso não impediu que os jornalistas fizessem algumas conjeturas muito precisas sobre estes números. Durante anos, as pessoas têm estimado que o orçamento final para EO foi de cerca de US$ 17 milhões com algumas estimativas, este número chega a US$ 30 milhões, com base em informações de algumas pessoas que trabalhavam na produção ou no negócio e sabem o custo real das coisas. Eu sempre acreditei que o custo real nunca será conhecido.

Então, com exclusividade para os leitores, o custo real do Captain EO é de US$ 23,7 milhões.
Como sabemos que esse valor está correto? Devido ao montante de dinheiro que foi transferido do código do projeto para o estúdio ao final. Por razões de contabilidade, quando a Disney faz um projeto, os encargos são recolhidos e transferidos em um código do projeto. O projeto, em seguida, é "vendido" para o parque para que ele possa ser capitalizado em termos favoráveis.

23,7 milhões de dolares era muito dinheiro, especialmente em meados da década de 1980 e, sobretudo que o vice-presidente de finanças revelou que só esperava gastar uma média de 10 milhões.

Por que o projeto ultrapassou os US$ 14 milhões do orçamento? Certamente, o talento ea tecnologia são caros (apesar de que supostamente tudo estava incluído no orçamento original), mas a verdadeira causa foi que o projeto entrou em produção, sem uma história firme (Michael Jackson poderia voltar todos os dias com diferentes versões das canções). Este foi um dos primeiros exemplos de um projeto em que "todo mundo tinha que aprovar tudo", mesmo se sabiam ou não algo sobre o assunto.

Naquela época, George Lucas estava trabalhando em Star Tours, que Michael Eisner insistia em ser chamado de Ride Star, porque ele gostava da palavra "Ride" (viagem). Eu sempre ouvi dizer que Star Tours sofreu multissimos atrasos devido à tecnologia e à necessidade de perfeição por parte de Lucas. Eu soube recentemente a partir de fontes que trabalharam na atração que estava pronto para sair a tempo, mas a abertura atrasou de propósito para evitar prejudicar a estréia do Capitão EO. Naqueles dias, o plano era que o filme Star Tours se atualizaria a cada três anos, com experiências diferentes em cada módulo.

A Disney também tentava atrair Michael Jackson e convidaram para reunir com as pessoas de Imagineer em suas instalações de Tujunga onde haviam preparado um modelo de um atrativo passeio, que incluiria Jackson. Supostamente, iria ser em 3D. Um dos Imagineers lembrou que estranhou a mão de Jackson, foi como apertar as mãos a um peixe morto e magro. Jackson gostou do modelo, mas não quis participar do projeto. Também houve conversas sobre um filme 3D que ficaria no prédio do 'Carousel of Progress' onde ele se interessou.

Na verdade, houve três propostas para o filme, e tanto Jackson como a Disney concordaram com a idéia de Captain EO mais do que qualquer outra. Parte do problema foi a proposta em si. Estava escrita em uma página em apenas quatro parágrafos, que basicamente dizia "Jackson e sua equipe espacial magicamente transformaram as pessoas feias'. Houve apenas uma indicação geral da tripulação e uma rainha sem um nome.

Por que essa proposta demonstrou ser um problema? Precisamente porque foi uma proposta rápida, nem ao menos poderia ser considerada uma proposta de cinema, e a Disney tinha a tarefa de dar uma estimativa de orçamento inicial de 10 milhões de dólares apesar de algumas vozes discordarem. Logo se deram conta que não havia alguém na equipe que realmente poderia lidar com este projeto inovador, de modo a configurar uma pequena lista de diretores externos.

Pelo menos um Imagineer sugeriu John Landis, baseado no sucesso que o diretor conseguiu com "Thriller". No entanto, aqueles que estavam responsáveis pela decisão final se opuseram a sugestão, provavelmente por razões orçamentais, incluindo o medo que eles não seriam capazes de "controlar" Landis e que iria superar o orçamento. Toda a discussão foi interrompida quando Lucas decidiu que Francis Ford Coppola seria o diretor do filme.

A Disney considerava que apesar que Coppola fosse o diretor, Lucas poderia intervir e fazer a maior parte da direção. Isso não aconteceu porque Lucas não visitava o set e estava frustrado com a política típica da Disney em torno do projeto. Lucas tinha habituado trabalhar de forma independente e não ter que responder às outras pessoas depois de seu sucesso com Star Wars.

Foram três semanas de filmagem com Coppola na direção, mas depois passou quase seis meses tratando de preencher buracos na história com alguns dias de rodagem adicional para deixar o trabalho concluído. Não se tratava apenas de adicionar efeitos especiais, mas realmente definir a história. Um Imagineer descreveu as imagens com 'bruta', das três primeiras semanas de filmagem como "um desastre". Para piorar a situação, houve três momentos no filme completamente fora de sincronia: dois pontos de áudio e uma instância de 3D. A Disney atrasou uma semana para verificar se os projetores estavam bem através da execução de inumeráveis testes técnicos para demonstrar que os problemas estavam no próprio filme. Esses problemas, é claro, nunca teriam sido corrigidos.

Se bem ainda se discuti se Michael Jackson se apresentou para o lançamento oficial, se ele realmente estava presente durante alguns testes que foram realizados na Disneylândia. Lembrando que ele começou a usar máscara cirúrgica, que muitas vezes era fácil identificar entre os convidados. Quando isso se tornou um problema, Jackson se refugiou na cabine de projeção para ver o filme e estudar as reações da platéia. Como se esperava, o show começou com longas filas, mas era evidente que não geraram um desejo de rever nem tinha um desejo para as pessoas em comprar produtos relacionados.

Uma citação de Dave Mason de 1997 sobre as aparições de Michael nas projeções:

"O departamento de vendas nos convidou para a estréia de Captain EO, e quem sou eu para recusar um presente! Nós nos mudamos para o centro do teatro, apenas para descobrir que tínhamos de passar sobre alguém que estava ''guardando asentos.'' Pouco antes das luzes se apagarem, surge um grupo de pessoas. Não entendi a situação até que eu vi Michael Jackson (com sua máscara cirúrgica). E ninguém parecia notar! Ninguém notou, e ninguém falava. Fiquei surpreso. E ao lado de Michael, sua mãe, uma jovem loira, e Quincy Jones. Neste momento Michael estava no auge de sua popularidade. Eu acho que ninguém acreditava que era ele, todo mundo se levantou e deixou o teatro muito normal. Depois do espetáculo, fomos para um público menor e cerca de 10 pessoas se encontravam em torno, falando com Michael. Uma das meninas do nosso grupo estava grávida (na verdade, a mais ousada), e quando Michael perguntou como ela estava, pediu-lhe para esfregar a barriga, e ele fez! Despediu-se dizendo: "Eu espero que saiam dançando!" . Quando saímos do teatro, câmeras por toda parte. Embora tínhamos sentimentos diferentes sobre Jackson agora, ainda é um dos momentos mais memoráveis que tivemos na Disneylândia".

Uma das coisa que Lucas aprendeu com a experiência foi que provavelmente deveria fazer estes tipos de projetos por conta própria. Para montar uma equipe fizeram ofertas muito atraente para alguns trabalhadores Imagineers. Contudo, a maioria deles não podiam aceitar a oferta, porque Frank Wells, recentemente havia instituído a prática de assinar contratos para os membros da equipe da Disney, que impedia sair do mesmo por tempo indeterminado.

Claro, os trabalhadores Imagineers aprenderam que não basta apenas um script, um simples storyboard e um orçamento estimado. Mas também um bom storyboard que mostrara como seriam os efeitos de diferentes perspectivas, para evitar problemas mais tarde.

Essa experiência foi aplicada para a criação de Muppet Vision 3-D. Certamente Muppet Vision 3-D tem sido uma fonte de inspiração para outros projetos semelhantes que têm se desenvolvido ao longo dos anos, enquanto EO tornou-se uma anedota trivial.

Algumas memórias de Rusty Lemorande, produtor do Captain EO:

''O segredo para trabalhar com Michael é pensar: Como lidar com uma criança de 10 anos?''

"Francis entendeu rápido. Em um momento, achei difícil dirigir Michael, porque parecia não responder ao tipo de diálogo que um cineasta usa geralmente. Assim que pediu máscaras, com motivos feliz, de palhaços e máscaras assustadoras também. Em seguida, ele colocava essas máscaras para ver se surgiam efeitos neste menino, e realmente fazia.''







Manking of: Capitain EO - Parte 01


Manking of: Capitain EO - Parte 02


Manking of: Capitain EO - Parte 03


Fonte: MJ HideOut
Agradecimentos: Rockin' Robin