por Tom Zé
Publicado na Folha OnLine
Transcrito por Luciene Ribeiro dos Santos
O cantor Tom Zé fez uma poesia em homenagem a Michael Jackson, cuja passagem foi feita em 25 de Junho de 2009, após uma parada cardíaca.
Amado Michael
I
Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.
Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.
Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.
Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.
II
Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.
Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?
Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera.
30 de abril de 2010
29 de abril de 2010
"We Had Him": Nós o Tivemos
Poema de Maya Angelou
Enunciado por Queen Latifah no Memorial a Michael Jackson no Staples Center (07/07/2009)
Tradução: Luciene Ribeiro dos Santos
Nós o Tivemos
Amados, agora sabemos que realmente não sabemos nada, agora que nossa estrela brilhante desliza longe de nossos dedos, como o sopro de um vento de verão.
Sem que nós possamos notar, um caro amor pode escapar do nosso abraço. E cantar nossas canções entre as estrelas, e dançar nossas danças sobre a face da lua.
No instante em que Michael se foi, passamos a não saber nada. Nenhum relógio pode contar o tempo. Nenhum oceano pode apressar nossas marés, com a ausência abrupta de nosso tesouro.
Embora nós sejamos muitos, cada um de nós está doloridamente sozinho, agudamente sozinho.
Somente quando confessarmos nossa confusão, poderemos nos lembrar que ele era um presente para nós, e que nós o tivemos.
Ele nos veio do Criador, trazendo criatividade em abundância.
Apesar da angústia, sua vida era embasada no amor materno, no amor da família, foi sobrevivida, e ele fez muito mais do que isso.
Ele prosperou com paixão e piedade, humor e estilo. Nós o tivemos. E, mesmo se sabíamos ou não quem ele era, ele era nosso e nós éramos seus.
Nós o tivemos, lindo, deleitando nossos olhos.
Seu chapéu, caído sobre sua testa, e sua pose nas pontas dos pés, eram para todos nós.
E nós ríamos, e pulávamos por ele.
Hoje em Tokyo, abaixo da torre Eiffel, na Black Star Square de Gana,
Em Joanesburgo e em Pittsburgh, em Birmingham, no Alabama, e em Birmingham, Inglaterra,
Nós sentimos a falta de Michael.
Mas nós sabemos que nós o tivemos, e nós somos o mundo.
Enunciado por Queen Latifah no Memorial a Michael Jackson no Staples Center (07/07/2009)
Tradução: Luciene Ribeiro dos Santos
Nós o Tivemos
Sem que nós possamos notar, um caro amor pode escapar do nosso abraço. E cantar nossas canções entre as estrelas, e dançar nossas danças sobre a face da lua.
No instante em que Michael se foi, passamos a não saber nada. Nenhum relógio pode contar o tempo. Nenhum oceano pode apressar nossas marés, com a ausência abrupta de nosso tesouro.
Embora nós sejamos muitos, cada um de nós está doloridamente sozinho, agudamente sozinho.
Somente quando confessarmos nossa confusão, poderemos nos lembrar que ele era um presente para nós, e que nós o tivemos.
Ele nos veio do Criador, trazendo criatividade em abundância.
Apesar da angústia, sua vida era embasada no amor materno, no amor da família, foi sobrevivida, e ele fez muito mais do que isso.
Queen Latifah no Memorial a Michael Jackson |
Ele prosperou com paixão e piedade, humor e estilo. Nós o tivemos. E, mesmo se sabíamos ou não quem ele era, ele era nosso e nós éramos seus.
Nós o tivemos, lindo, deleitando nossos olhos.
Seu chapéu, caído sobre sua testa, e sua pose nas pontas dos pés, eram para todos nós.
E nós ríamos, e pulávamos por ele.
Fomos encantados pela sua paixão, porque ele não nos negou nada. Ele nos deu tudo que tinha recebido.
Hoje em Tokyo, abaixo da torre Eiffel, na Black Star Square de Gana,
Em Joanesburgo e em Pittsburgh, em Birmingham, no Alabama, e em Birmingham, Inglaterra,
Nós sentimos a falta de Michael.
Mas nós sabemos que nós o tivemos, e nós somos o mundo.
We Had Him
Beloveds, now we know that we know nothing, now that our bright and shining star can slip away from our fingertips like a puff of summer wind.
Without notice, our dear love can escape our doting embrace. Sing our songs among the stars and walk our dances across the face of the moon.
In the instant that Michael is gone, we know nothing. No clocks can tell time. No oceans can rush our tides with the abrupt absence of our treasure.
Though we are many, each of us is achingly alone, piercingly alone.
Only when we confess our confusion can we remember that he was a gift to us and we did have him.
He came to us from the Creator, trailing creativity in abundance.
Despite the anguish, his life was sheathed in mother love, family love, and survived and did more than that.
He thrived with passion and compassion, humor and style. We had him whether we know who he was or did not know, he was ours and we were his.
We had him, beautiful, delighting our eyes.
His hat, aslant over his brow, and took a pose on his toes for all of us.
And we laughed and stomped our feet for him.
We were enchanted with his passion because he held nothing. He gave us all he had been given.
Today in Tokyo, beneath the Eiffel Tower, in Ghana's Black Star Square,
In Johannesburg and Pittsburgh, in Birmingham, Alabama, and Birmingham, England,
We are missing Michael.
But we do know we had him, and we are the world.
20 de abril de 2010
Michael diz que ouve Hip-Hop: entrevista à Vibe (2001)
Em 2001, dentro da série de entrevistas pré-lançamento do álbum Invincible, Michael Jackson concedeu à Vibe uma entrevista que trouxe algumas revelações interessantes, como o fato de Michael Jackson gostar de ouvir Hip-Hop e Jay-Z, mas não gostava de dançar o ritmo. Acompanhe abaixo alguns trechos da entrevista que a Edcyhis traz para nossos leitores.
Traduzido por Kevin Rodrighero
VIBE: Como é competir nas vendas com pessoas como N'Sync e Britney Spears, jovens que nasceram no auge de sua fama?
MJ: É raro. Eu já possuía discos em #1 nos anos 69 e 70 e continuo nas listas de 2001 em número 1. Não creio que outros artistas tenham conseguido algo assim. É uma grande honra. Estou feliz, não sei mais o que dizer. Estou feliz que as pessoas aceitem o que faço.
VIBE: O que você pensa sobre a situação atual do R&B?
MJ: Não dou categorias às músicas. Música é música. Eles mudaram a palavra R&B para Rock 'n' Roll. Sempre o fizeram, desde Fats Domino a Little Richard ou Chuck Berry. Como podemos discriminar? É o que é.
VIBE: Você participaria do Hip Hop?
MJ: Eu gosto muito, gosto da música. Não gosto muito dessa dança. Parece que estão fazendo aeróbica.
VIBE: Como se decidiu incluir Biggie Smalls em "Unbreakable" de Invincible?
MJ: Realmente não foi idéia minha. Foi do Rodney Jerkins, um dos compositores e produtores que trabalharam no disco. Era idéia minha adicionar um rap a canção, e ele disse, "Sei quem será perfeito, Biggie". O pus ali e funcionou perfeitamente.
VIBE: Porque escolheu Jay-Z para remasterizar o primeiro single, "You Rock My World"?
MJ: Ele surpreende, é o novo, e está com os jovens de hoje. Eles gostam de seu trabalho. Está envolvido no centro da cultura popular. Teria bastante sentido.
VIBE: O que foi para você aparecer no concerto Hot 97 Summer Jam como convidado de Jay-Z?
MJ: Somente saí e dei um abraço. Houve uma explosão de aplausos e vitórias, uma preciosa, preciosa boas vindas e eu estava feliz por ele. Foi uma grande emoção.
VIBE: Te irrita ver pessoas o imitando, como Usher, Sisqo, Ginuwine e também Destiny's Child?
MJ: Não me importa em absoluto. Esses artistas cresceram com minha música. Quando se cresce escutando alguém a quem admiras, tendes a se parecer a ele. Quer se parecer com eles, se vestir como eles. Quando eu era criança, eu era James Brown, era Sammy Davis Jr., assim os entendo.
VIBE: Você sabia que estava criando clássicos atemporais quando estava gravando "Thriller" e "Off The Wall"?
MJ: Sim, não é por ser arrogante, mas sim. Porque reconheço o bom material quando o escuto e melodicamente, sonoramente e musicalmente ele é comovente.
VIBE: Você acredita que haja maior aceitação aos artistas negros atualmente?
MJ: Creio que as pessoas sempre foram admiradas pela música negra desde o início dos tempo, se quiser retroceder até aos cantos espirituais negros. Hoje o mercado está aceitando o feito de que esse é o som. Desde Britney até N'Sync, todos eles estão fazendo R&B. Inclusive Barry Gibb, dos Bee Gees, me disse (imitando o sotaque britânico), 'cara, nós fazemos R&B'. Eu lhe disse 'Barry, eu não lhe ponho etiquetas, mas é uma grande música'. Compreendo o que ele queria me dizer. Me encanta a boa música, não a cor nem as fronteiras.
VIBE: Parece ir bem a sua vida como pai solteiro.
MJ: Nunca havia me divertido tanto na minha vida. Essa é a verdade. Porque eu sou um adulto e agora consigo ver o mundo através dos olhos dos jovens. Tenho aprendido mais deles que eles de mim. Estou provando constantemente novas coisas com eles para ver o que funciona e o que não vai bem. As crianças são sempre os melhores juízes para avaliar algo. Por isso Harry Potter tem tanto sucesso, é um filme direcionado à família. Não se pode confundir aqui. Queremos um maior alcance e por isso eu tento não dizer palavras nas minhas canções que possam ofender os pais, não quero ser assim, não crescemos para ser assim. Mamãe e Joseph não diriam coisas assim.
VIBE: O que Prince e Paris escutam?
MJ: Escutam as minhas músicas e adoram a clássica, que soa em todo o rancho. Eles gostam da boa música para dança.
VIBE: Se baseando em sua experiência, como veria seus filhos convertendo-se em estrelas do pop?
MJ: Não sei como seria. Seria duro. Realmente não sei. É complicado, muitos filhos de famosos acabam sendo auto-destrutivos porque não podem viver do talento de seus pais. As pessoas sempre diziam a Fred Astaire Junior, "você sabe dançar?" E ele não sabia. Não tinha ritmo algum, mas seu pai era um gênio da dança. Isso não quer dizer que tenha que ocorrer. Sempre digo aos meus filhos, "Não precisam cantar, não precisam dançar. Sejam o que quiserem ser, de forma a não prejudicar ninguém. Isso é o principal".
VIBE: Que artistas, do passado e do presente, têm inspirado você?
MJ: Stevie Wonder é um profeta da música. Todos os primeiros de Motown. Todos os Beatles. Sammy Davis Jr. e Charlie Chaplin, Fred Astaire, Gene Kelly, Bill "Bonjanles" Robinson - os grandes artistas, os genuínos. Quando James Brown estava no Famous Flames, era incrível. Existem muitos cantores maravilhosos: Whitney Houston, Barbara Streisand, Johnny Mathis. Realmente co, estilo. Quando se escuta uma frase já se sabe quem são. Nat "King" Cole, Marvin Gaye, Sam Cooke.
VIBE: Como esteve envolvido na seleção de artistas que performaram em seu 30º aniversário?
MJ: Não estive envolvido.
VIBE: Como é possível você ter deixado ir assim algo tão grande e especial?
MJ: Confiança.
VIBE: Qual foi sua experiência no 11 de setembro?
MJ: Estava em Nova York e recebi um telefonema de uns amigos da Arábia Saudita avisando que os Estados Unidos estava sendo atacado. Pus no canal de notícias e vi as torres gêmas caindo e disse "Meu Deus!". Gritei por toda a passarela do hotel o meu pessoal. "Que todo mundo se levante, temos que ir agora!", Marlon Brando estava em um lado e nossa segurança em outro. Todos estávamos ali acima, Elizabeth Taylor estava em outro hotel. Entramos no carro, mas ali haviam garotas que haviam assistido ao show da noite anterior e se puseram a chamar pelas janelas, correndo rua abaixo, gritando. Os seguidores são tão leais! Nos escondemos em Nova Jersey. Foi incrível, eu tive um susto de morte.
VIBE: Mudando de assunto, o que você faz para se divertir?
MJ: Gosto de guerras de bombas de água. Temos aqui um lugar para batalhas do tipo, com equipe vermelha e azul. Temos lançadores e canhões, você se molha ao fim do jogo. Há um marcador e a equipe que conseguir mais pontos ganha. Se tenho que fazer qualquer tipo de esporte, tenho que avaliar. Não jogo nada como o basquete ou o golf. O basquete é muito competitivo, igual ao tênis; fazem que você se enoje. Não me meto com isso. Deveria ser terapêutico. Também gosto de parques de diversões, estar com animais, coisas assim.VIBE: Você tem alguma fantasia ou algo que gostaria houvesse em sua vida?
MJ: Eu gostaria que houvesse um dia internacional das crianças, em homenagem aos nosso filhos, porque a unidade familiar está se quebrando. Há um dia da mãe e um dia do pai, mas não há um dia da criança. Significaria muito, se realmente fosse possível. A paz no mundo. Espero que a próxima geração veja a paz ao mundo, não da forma que estão as coisas agora.
VIBE: Alguma vez cantar deixou de ser uma diversão para se converter em um trabalho?
MJ: Sempre tem sido divertida. Até quando caio doente, sempre me divirto. Adoro cantar.
VIBE: Muitos de nós o vemos como uma figura histórica, um inovador que fixou um estandarte que realmente existe. O que Michael Jackson fará agora?
MJ: Obrigado, obrigado. Tenho um profundo amor pelos filmes e quero ser pioneiro e inovador neste meio do cinema, escrever, dirigir e produzir filmes para conseguir um entretenimento incrível.
VIBE: Que tipo de filmes? Você está buscando guias?
MJ: Sim, mas ainda não terminei nada.
VIBE: Em algum momento você se sente só?
MJ: Sim. Se estou no palco, me sinto bem ali. Mas se pode ter uma casa cheia de gente e sentir só em seu interior. Não me queixo, porque acredito que é bom para o meu trabalho.
VIBE: Você falou sobre a inspiração para escreve "Speechless". É adorável.
MJ: Te surpreenderia. Estava com essas crianças na Alemanha e fazíamos uma grande batalha de bombas de água, eu falo sério, e estava tão feliz depois da batalha que corri acima na casa e escrevi "Speechless". Me divertir me inspira. Odeio dizer, mas é uma grande canção romântica. Mas saiu de uma guerra de bolas. Estava feliz e escrevi ela completa ali mesmo. Senti que seria suficientemente boa para o disco. Da felicidade vem a magia, a admiração e a criatividade.
VIBE: Você coleciona algo?
MJ: Gosto de tudo que tenha a ver com Shirley Temple, "Little Rascals"e os Three Stooges. Gosto de Curly. Gosto tanto que fiz um livro sobre ele, entrei em contato com sua filha e escrevemos o livro juntos.
VIBE: Há algo que você queira dizer aos leitores da VIBE?
MJ: Adoro Quincy Jones. O amo realmente. E também quero dizer aos leitores que não julguem as pessoas pelo que ouvem ou pelo que lêem, até que escutem a pessoa diretamente. Há muito sensacionalismo de tablóide. Não sejam vítimas deles, é muito feio. Eu gostaria de pegar todos os tablóides de queimá-los. Quero que publiquem isso! Alguns tentam se sobressair, mas seguem sendo tablóides.
VIBE: Para finalizar, como você canaliza sua criatividade?
MJ: Não a forço, deixo a que a natureza siga seu curso. Não me sento no piano e penso "vou escrever a melhor canção de todos os tempos". Isso não acontece. Tem que ser algo que lhe seja concebido. Creio que já está ali antes de você nascer, e então cai em teu regaço. É o mais espiritual do mundo. Quando chega, vem com todos os acompanhamentos, as cordas, o baixo, a bateria, a letra, e você só é um medium através do qual chega o canal. As vezes me sinto culpando pondo meu nome nas canções - "escrita por MJ" - porque é como se o céu já as houvesse feito. Como Michelangelo tomasse um grande bloco de mármore das minas da Itália e dissesse 'dentro há uma forma dormindo'. Ele tomou o martelo e o pincel e o descobriu. Já estava ali.
Traduzido por Kevin Rodrighero
VIBE: Como é competir nas vendas com pessoas como N'Sync e Britney Spears, jovens que nasceram no auge de sua fama?
MJ: É raro. Eu já possuía discos em #1 nos anos 69 e 70 e continuo nas listas de 2001 em número 1. Não creio que outros artistas tenham conseguido algo assim. É uma grande honra. Estou feliz, não sei mais o que dizer. Estou feliz que as pessoas aceitem o que faço.
VIBE: O que você pensa sobre a situação atual do R&B?
MJ: Não dou categorias às músicas. Música é música. Eles mudaram a palavra R&B para Rock 'n' Roll. Sempre o fizeram, desde Fats Domino a Little Richard ou Chuck Berry. Como podemos discriminar? É o que é.
VIBE: Você participaria do Hip Hop?
MJ: Eu gosto muito, gosto da música. Não gosto muito dessa dança. Parece que estão fazendo aeróbica.
VIBE: Como se decidiu incluir Biggie Smalls em "Unbreakable" de Invincible?
MJ: Realmente não foi idéia minha. Foi do Rodney Jerkins, um dos compositores e produtores que trabalharam no disco. Era idéia minha adicionar um rap a canção, e ele disse, "Sei quem será perfeito, Biggie". O pus ali e funcionou perfeitamente.
VIBE: Porque escolheu Jay-Z para remasterizar o primeiro single, "You Rock My World"?
MJ: Ele surpreende, é o novo, e está com os jovens de hoje. Eles gostam de seu trabalho. Está envolvido no centro da cultura popular. Teria bastante sentido.
VIBE: O que foi para você aparecer no concerto Hot 97 Summer Jam como convidado de Jay-Z?
MJ: Somente saí e dei um abraço. Houve uma explosão de aplausos e vitórias, uma preciosa, preciosa boas vindas e eu estava feliz por ele. Foi uma grande emoção.
VIBE: Te irrita ver pessoas o imitando, como Usher, Sisqo, Ginuwine e também Destiny's Child?
MJ: Não me importa em absoluto. Esses artistas cresceram com minha música. Quando se cresce escutando alguém a quem admiras, tendes a se parecer a ele. Quer se parecer com eles, se vestir como eles. Quando eu era criança, eu era James Brown, era Sammy Davis Jr., assim os entendo.
VIBE: Você sabia que estava criando clássicos atemporais quando estava gravando "Thriller" e "Off The Wall"?
MJ: Sim, não é por ser arrogante, mas sim. Porque reconheço o bom material quando o escuto e melodicamente, sonoramente e musicalmente ele é comovente.
VIBE: Você acredita que haja maior aceitação aos artistas negros atualmente?
MJ: Creio que as pessoas sempre foram admiradas pela música negra desde o início dos tempo, se quiser retroceder até aos cantos espirituais negros. Hoje o mercado está aceitando o feito de que esse é o som. Desde Britney até N'Sync, todos eles estão fazendo R&B. Inclusive Barry Gibb, dos Bee Gees, me disse (imitando o sotaque britânico), 'cara, nós fazemos R&B'. Eu lhe disse 'Barry, eu não lhe ponho etiquetas, mas é uma grande música'. Compreendo o que ele queria me dizer. Me encanta a boa música, não a cor nem as fronteiras.
VIBE: Parece ir bem a sua vida como pai solteiro.
MJ: Nunca havia me divertido tanto na minha vida. Essa é a verdade. Porque eu sou um adulto e agora consigo ver o mundo através dos olhos dos jovens. Tenho aprendido mais deles que eles de mim. Estou provando constantemente novas coisas com eles para ver o que funciona e o que não vai bem. As crianças são sempre os melhores juízes para avaliar algo. Por isso Harry Potter tem tanto sucesso, é um filme direcionado à família. Não se pode confundir aqui. Queremos um maior alcance e por isso eu tento não dizer palavras nas minhas canções que possam ofender os pais, não quero ser assim, não crescemos para ser assim. Mamãe e Joseph não diriam coisas assim.
VIBE: O que Prince e Paris escutam?
MJ: Escutam as minhas músicas e adoram a clássica, que soa em todo o rancho. Eles gostam da boa música para dança.
VIBE: Se baseando em sua experiência, como veria seus filhos convertendo-se em estrelas do pop?
MJ: Não sei como seria. Seria duro. Realmente não sei. É complicado, muitos filhos de famosos acabam sendo auto-destrutivos porque não podem viver do talento de seus pais. As pessoas sempre diziam a Fred Astaire Junior, "você sabe dançar?" E ele não sabia. Não tinha ritmo algum, mas seu pai era um gênio da dança. Isso não quer dizer que tenha que ocorrer. Sempre digo aos meus filhos, "Não precisam cantar, não precisam dançar. Sejam o que quiserem ser, de forma a não prejudicar ninguém. Isso é o principal".
VIBE: Que artistas, do passado e do presente, têm inspirado você?
MJ: Stevie Wonder é um profeta da música. Todos os primeiros de Motown. Todos os Beatles. Sammy Davis Jr. e Charlie Chaplin, Fred Astaire, Gene Kelly, Bill "Bonjanles" Robinson - os grandes artistas, os genuínos. Quando James Brown estava no Famous Flames, era incrível. Existem muitos cantores maravilhosos: Whitney Houston, Barbara Streisand, Johnny Mathis. Realmente co, estilo. Quando se escuta uma frase já se sabe quem são. Nat "King" Cole, Marvin Gaye, Sam Cooke.
VIBE: Como esteve envolvido na seleção de artistas que performaram em seu 30º aniversário?
MJ: Não estive envolvido.
VIBE: Como é possível você ter deixado ir assim algo tão grande e especial?
MJ: Confiança.
VIBE: Qual foi sua experiência no 11 de setembro?
MJ: Estava em Nova York e recebi um telefonema de uns amigos da Arábia Saudita avisando que os Estados Unidos estava sendo atacado. Pus no canal de notícias e vi as torres gêmas caindo e disse "Meu Deus!". Gritei por toda a passarela do hotel o meu pessoal. "Que todo mundo se levante, temos que ir agora!", Marlon Brando estava em um lado e nossa segurança em outro. Todos estávamos ali acima, Elizabeth Taylor estava em outro hotel. Entramos no carro, mas ali haviam garotas que haviam assistido ao show da noite anterior e se puseram a chamar pelas janelas, correndo rua abaixo, gritando. Os seguidores são tão leais! Nos escondemos em Nova Jersey. Foi incrível, eu tive um susto de morte.
VIBE: Mudando de assunto, o que você faz para se divertir?
MJ: Gosto de guerras de bombas de água. Temos aqui um lugar para batalhas do tipo, com equipe vermelha e azul. Temos lançadores e canhões, você se molha ao fim do jogo. Há um marcador e a equipe que conseguir mais pontos ganha. Se tenho que fazer qualquer tipo de esporte, tenho que avaliar. Não jogo nada como o basquete ou o golf. O basquete é muito competitivo, igual ao tênis; fazem que você se enoje. Não me meto com isso. Deveria ser terapêutico. Também gosto de parques de diversões, estar com animais, coisas assim.VIBE: Você tem alguma fantasia ou algo que gostaria houvesse em sua vida?
MJ: Eu gostaria que houvesse um dia internacional das crianças, em homenagem aos nosso filhos, porque a unidade familiar está se quebrando. Há um dia da mãe e um dia do pai, mas não há um dia da criança. Significaria muito, se realmente fosse possível. A paz no mundo. Espero que a próxima geração veja a paz ao mundo, não da forma que estão as coisas agora.
VIBE: Alguma vez cantar deixou de ser uma diversão para se converter em um trabalho?
MJ: Sempre tem sido divertida. Até quando caio doente, sempre me divirto. Adoro cantar.
VIBE: Muitos de nós o vemos como uma figura histórica, um inovador que fixou um estandarte que realmente existe. O que Michael Jackson fará agora?
MJ: Obrigado, obrigado. Tenho um profundo amor pelos filmes e quero ser pioneiro e inovador neste meio do cinema, escrever, dirigir e produzir filmes para conseguir um entretenimento incrível.
VIBE: Que tipo de filmes? Você está buscando guias?
MJ: Sim, mas ainda não terminei nada.
VIBE: Em algum momento você se sente só?
MJ: Sim. Se estou no palco, me sinto bem ali. Mas se pode ter uma casa cheia de gente e sentir só em seu interior. Não me queixo, porque acredito que é bom para o meu trabalho.
VIBE: Você falou sobre a inspiração para escreve "Speechless". É adorável.
MJ: Te surpreenderia. Estava com essas crianças na Alemanha e fazíamos uma grande batalha de bombas de água, eu falo sério, e estava tão feliz depois da batalha que corri acima na casa e escrevi "Speechless". Me divertir me inspira. Odeio dizer, mas é uma grande canção romântica. Mas saiu de uma guerra de bolas. Estava feliz e escrevi ela completa ali mesmo. Senti que seria suficientemente boa para o disco. Da felicidade vem a magia, a admiração e a criatividade.
VIBE: Você coleciona algo?
MJ: Gosto de tudo que tenha a ver com Shirley Temple, "Little Rascals"e os Three Stooges. Gosto de Curly. Gosto tanto que fiz um livro sobre ele, entrei em contato com sua filha e escrevemos o livro juntos.
VIBE: Há algo que você queira dizer aos leitores da VIBE?
MJ: Adoro Quincy Jones. O amo realmente. E também quero dizer aos leitores que não julguem as pessoas pelo que ouvem ou pelo que lêem, até que escutem a pessoa diretamente. Há muito sensacionalismo de tablóide. Não sejam vítimas deles, é muito feio. Eu gostaria de pegar todos os tablóides de queimá-los. Quero que publiquem isso! Alguns tentam se sobressair, mas seguem sendo tablóides.
VIBE: Para finalizar, como você canaliza sua criatividade?
MJ: Não a forço, deixo a que a natureza siga seu curso. Não me sento no piano e penso "vou escrever a melhor canção de todos os tempos". Isso não acontece. Tem que ser algo que lhe seja concebido. Creio que já está ali antes de você nascer, e então cai em teu regaço. É o mais espiritual do mundo. Quando chega, vem com todos os acompanhamentos, as cordas, o baixo, a bateria, a letra, e você só é um medium através do qual chega o canal. As vezes me sinto culpando pondo meu nome nas canções - "escrita por MJ" - porque é como se o céu já as houvesse feito. Como Michelangelo tomasse um grande bloco de mármore das minas da Itália e dissesse 'dentro há uma forma dormindo'. Ele tomou o martelo e o pincel e o descobriu. Já estava ali.
11 de abril de 2010
'What More Can I Give' e 'Todo Para Ti'
Em 1999, após o término da Guerra do Kosovo (conflitos armados na província sérvia que duraram 03 anos) Michael Jackson propôs o chamado MJ & Friends com a meta de arrecadar fundos para a reconstrução do território. Uma das músicas que deveriam ser apresentadas no evento seria What More Can I Give, uma espécie de We Are The World dos novos tempos.
O projeto falhou no fim da década de 90 e foi tentada uma retomada após os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001. A meta: arrecadar $50 milhões de dólares para as inúmeras entidades dedicadas às vítimas e famílias do atentado terrorista. Na época, uma versão em espanhol da canção foi também feita para atingir os povos da América Latina: Todo Para Ti.
A versão em inglês é liderada por Michael Jackson e Celine Dion, enquanto a versão em espanhol, aparentemente, é por Ricky Martin e Gloria Estéfan.
Michael Jackson foi inspirado a escrever a canção depois de conhecer o, até então presidente da África do Sul, Nelson Mandela em 1999. Ele comentou que a canção visava "encontrar estímulo na trilha de ataques sob a América para criar um senso de União Global em face da grande violência e assassinatos em massa" que ocorreram na época.
What More Can I Give nunca foi comercialmente lançada devido a um conflito entre Michael Jackson e a Sony Music. A gravadora acreditava que seria gerado um conflito de marketing entre o álbum Invincible (recém-lançado por Jackson na época). Contudo, meses depois do lançamento de Invincible, a Sony ainda se recusava a lança-lo.
O single teve vários respiros e, por vezes, teve seu lançamento adiado ou boicotado. A última tentativa ocorreu em 2003, durante a cerimônia de apresentação do Radio Music Awards, onde Michael Jackson foi condecorado com o "Humanitarian Artist Award" por Beyoncé Knowles. A apresentação do vídeoclipe (com novas imagens) foi exibido ao público e aplaudido de pé por todos.
A lista de artistas que participaram das versões em Espanhol e em Inglês está logo abaixo, junto às letras com a versão final de What More Can I Give e a versão demo de Todo Para Ti.
Michael Jackson no vídeo "What More Can I Give" (2003) |
3LW
Aaron Carter
Alejandro Sanz
Anastacia
Beyoncé Knowles
Billy Gilman
Brian McKnight
Bryton
Carlos Santana
Celine Dion
Cristian Castro
Gloria Estefan
Hanson
Jon Secada
Joy Enriquez
Douglas
Julio Iglesias
Laura Pausini
Luis Miguel
Luther Vandross
Mariah Carey
Michael McCary (Boyz II Men)
Michael Jackson
Mýa
*NSYNC
Nick Carter
Olga Tañón
Reba McEntire
Ricky Martin
Rubén Blades
Shakira
Shawn Stockman (Boyz II Men)
Thalia
Usher
Tom Petty
Ziggy Marley
What More Can I Give [Final Version]
Celine Dion:
How many people
Will have to die
Before we will
Take a stand?
Billy Gillman:
How many children
Will have to cry
Before we do
All we can?
Reba McEntire:
If sending your love
Is all you can give
Nick Carter:
To help one live
Usher:
How many times
Can we turn our heads
Shawn Stockman:
And pretend
We cannot see
Mariah Carey:
Healing the wounds
Of our broken earth
We are one global family
Ricky Martin:
Just sending your prayers
Beyoncé:
Is something you'll feel
Helping one heal
- Refrão -
Michael Jackson:
What have I got that I can give?
*NSYNC:
(What have I got that I can give?
Joey Fatone (*NSYNC):
Tell me
Michael Jackson:
What have I got that I can give?
Justin Timberlake (*NSYNC):
(Yeah, yeah, oh, oh)
Todos:
To love and to teach you
To hold and to need you
What more can I give?
Aaron Carter:
Now let's rather
Mya:
Lay down our fears
And reach out
And make a pact
Gloria Estefan:
Show him the love
That is in our hearts
Let us
Bring salvation back
Luther Vandross:
Just sending your love
Has the power to heal
Michael McCary:
So let's all give
- Refrão -
Todos:
What have I got that I can give?
Luther Vandross:
Is not allowed to give just a little bit
Todos:
What have I got that I can give?
Luther Vandross:
Everyone should be a part of it
Todos:
To love and to teach you
To hold and to need you
What more can I give?
Michael Jackson:
Say the words
I'll lay me
Down for you
Celine Dion:
Just call my name
I am your friend
Michael Jackson:
See, then why
Do they keep teaching us
Such hate and cruelty?
We should give over
And over again
Todos:
What have I got that I can give?
Michael Jackson:
We should give over and over again
Todos:
What have I got that I can give?
Michael Jackson:
Oh, my God, oh, my God... See...
Michael McCary:
Oh, my Lord
Todos:
See, to love
And to teach you
To hold
And to need you
What more can I give?
- refrão e improvisos até o final -
Todo Para Ti [Demo Version]
Christian Castro:
¿Cuántos pequeños
Vvan a llorar
Y nadie lo evitará?
Laura Pausini:
Un poco de amor
No hay más que pedir
Shakira:
Para vivir
Mariah Carey/Gloria Estefan:
¿Cuántas miradas
Se esconderán
Pretendiendo no saber?
Gloria Estefan:
Que al mundo herido
Hay que ayudar
Mariah Carey:
Y es de todos el deber
Juan Gabriel:
Con una oración
Mariah Carey:
Y un poco de fé
Juan Gabriel:
Ayudaré
Celine Dion:
Voy a dar todo para ti
Christian Castro:
Voy a dar todo para ti
Gloria Estéfan/Celine Dion/Christian Castro:
Ayuda y abrigo
Abrazo de amigo
Amor para ti
Alejandro Sanz:
Todos hermanos
Que el llanto cruel
No nos deja hacer la paz
Julio Iglesias:
Todos unidos de corazón
Y la unión nos salvará
Luis Miguel:
Un poco de amor
Para ti, para mi
Para vivir
Todos:
Voy a dar todo para ti
Jon Secada:
Voy a darlo todo
Todos:
Voy a dar todo para ti
Luis Miguel/Jon Secada:
Ayuda y abrigo
Michael Jackson/Gloria Estefan:
Abrazo de amigo
Amor para ti
Michael Jackson:
Llámame
Y yo vendré por ti
Shakira:
Háblame, te escucharé
Olga Tañon:
Por qué caer en la maldad
Thalia:
¿Por qué odiar así
Luis Miguel:
Cuando hay tanto
Tanto que dar?
Todos:
Voy a dar todo para ti
Jon Secada:
Voy a darlo todo
Todos:
Voy a dar todo para ti
Mariah Carey:
Todo para ti
Alejandro Sanz:
Todo para ti
Todos:
Ayuda y abrigo
Abrazo de amigo
Amor para ti
Voy a dar todo para ti
Celine Dion:
Todo para ti
Christian Castro:
Todo para ti
Voy a dar todo para ti
Alejandro Sanz:
Voy a dar todo para ti
Todos:
Ayuda y abrigo
Abrazo de amigo
Amor para ti
Voy a dar todo para ti
(Voy a darlo todo)
Voy a dar todo para ti
Ayuda y abrigo
Abrazo de amigo
Amor para ti
- refrão e improvisos até o final -
Assinar:
Postagens (Atom)